terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A flor que queria voar




A Flor, da qual se conta a história, nasceu nos primeiros tempos da Vida, quando a fruta de Eva ainda não tinha sido mordida e o sol desconhecia a hora de dormir.

Nasceu plantada em beira de riacho grande, cercada de grama verde e orvalho pelas manhãs.
O vento, para passar, pedia licença e o rio brincava que ela deveria ter cuidado, pois ele podia tudo afundar.

E riam o riso mais puro que tinham.
Era vento, era sol e amanhecer.

Passava o dia encontrando desenhos em nuvens e ouvindo tudo o que contava o, doce e sábio, Sabiá.
À noite, ficava pensando nas coisas que o Sabiá dizia, quase não dormia, sonhando com sua fuga pela manhã. Fugiria para se encontrar com as árvores atrás das montanhas e conheceria as belas nascentes dos rios.

Acordava com os olhos encharcados de sonhos e vontades de conhecer.

Depois ficava toda tristeza, pois não tinha asas, nascera grudada na grama e não tinha pra onde correr.

Flores não voam, pequena!’ diziam os que a viam chorar.

A pequena Flor, depois de muito tempo, se revoltou!
Queria conhecer ainda mais a Vida e para isso precisava de asas e, de tanto que ela queria, decidiu com Deus ir falar!

Lembrou que, certa vez, ouviu das nuvens um conselho que falava sobre preces e orações.
Segundo elas era só fechar os olhos e dizer, com palavras, o que se dizia lá dentro, no coração.
Respirou todo sonho que tinha e orou:
-Senhor Deus, tudo o que peço são asas. Há um mundo atrás das montanhas esperando por mim.

Como toda prece sincera é ouvida, com a dela não foi diferente. Deus ouvira direitinho o que dizia o coração da pequena Flor.

Amanheceu e, devagar, a pequena Flor abriu suas pétalas, uma a uma, pela primeira vez e percebeu que poderia, finalmente, voar.

Deus, olhando lá de cima, riu-se.

Riu-se da Flor apaixonada pela Vida e de como ela era bonita e, então, decidiu:

-A partir de hoje haverá Flor com asas e serão chamadas: borboletas!

Foi assim que a pequena flor transformou-se.

Quando visitava o outro lado da montanha, dizia às flores que também sonhavam:

-Não se vai muito longe quando se tem o coração abarrotado de medo e olhos voltados para o chão. É preciso fé. Mais do que isso, é preciso coragem. Coragem e vontade de voar.


Texto de: Lu 'Poulain' (Luciana Leitão)

Extraído do Blog Meninas do Reino

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